Andei de "férias" e levei na mala duas leituras quase antagônicas: A estrutura ausente de Humberto Eco e um livro que surrupiei de um amigo empresário, chamado Os segredos da mente milionária de T. Harv Eker. com o primeiro encontrei o de sempre, o que Wittgenstein pontua bem na introdução do Tractatus Logico-Philosophicus: que aqueles pontos colocados servirão melhor para quem já se debruçou sobre eles anteriormente. Relembrando toda minha incredulidade com os frequentadores destes cursos universitários (do qual eu mesmo fui obrigado a ser um deles) com semiólogos bricolando seus armazéns para preencher a indissoluta variável tempo-dinheiro investido em uma aula de fotografia. Crítica esta tão pontual que mereceu algumas linhas na introdução da estrutura, como se o que Eco chama de modesta revolução coopernica de pensar (pag. XVIII), dando novas nomenclaturas para objetos já postos, não discursasse também sobre encontrar empregos e nomes novos de matérias da grade curricular para também ocupar toda essa geração de professores que caiu nas graças de poder fornecer uma estética curiosa e genial, somada com todo aprendizado que puderam ter quando viajaram à Itália ano passado.
ECO, Humberto. A estrutura ausente. Ed. Perspectiva, 2001.
O motivo que me fez tirar o exemplar da estante foi a tentativa de formular meu antigo projeto estético novamente, que tem por contraponto rede e estrurura, com uma abordagem do funcionamento do cérebro humano. Tentando formalizar uma concepção de estrutura li em algum lugar li que Eco escreveu que para Lévi-Strauss, a verdadeira estrutura é o que possibilita a existência de estruturas. Bem, por um lado, a crítica de estetização textual em Lévi-Strauss cabe bem na obra do italiano (como a fórmula de logarítimos para dar aquele charme ao texto na página 13). Mas a obra pretende fornecer uma sistematização interessante para o fenômeno da comunicação e enfim da mensagem estética. Eco parte do exemplo simples de um sinal entre duas máquinas não conscientes, o que seria o grau zero do sinal interpretativo, se apoiando no modelo computacional de bit (menor unidade de disjunção probabilística) como modelo binário da troca básica de informação no mundo real. Neste ponto é interessante a maneira como ele coloca a entropia em termos probabilísticos (pag.14), porque a ordem não deixa ser também um sistema de probabilidades:
a entropia de um sistema é o estado de eqüiprobabilidade para qual tendem seus elementos
Não tenho a intenção de esmiuçar o texto do livro aqui, já que, como falarei a seguir, não pretendo que o resultado final do blog seja textual, já que escrever sobre literatura me pareceu repentinamente redundante, sendo que postarei em forma de vídeo, então talvez será um misto de texto com vídeo. Além do mais alguns pressupostos que Eco fornece não me parecem satisfatórios, como seu conceito de cultura (pag. 5), ainda colocando sua definição como conferida pela "antropologia cultural" (não sei se ele voltou ao texto original, a publicação é de 1968) como se não houvesse conflitos internos da própria área. Além destes pontos, pretendo encerrar a leitura exatamente na parte sobre a natureza da mensagem estética.
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